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Para onde o mundo vai

Parça no hospital e na selfie: as maravilhas dos robôs pessoais

Mônica Matsumoto

28/06/2018 04h00

Com o avanço da tecnologia, os robôs ou unidades automatizadas têm surgido numa variedade interessante de formas e habilidades. Cobertos de sensores e câmeras, já existem, por exemplo, robôs capazes de navegar em armazéns, carros autônomos que não precisam de motoristas, ou câmeras onipresentes em lojas que reconhecem visualmente as compras e possibilitam o pagamento sem a interação com um caixa.

Além do foco pela automatização, redução de custos e aumento de performance, os robôs podem trazer mais conforto, diversão e atender outras necessidades das pessoas. Às vezes, necessidades que nem existiam. Vamos ver alguns exemplos bacanas de como a automatização pode ajudar na vida das pessoas.

Uma empresa italiana (Piaggio FastForward) está desenvolvendo em Boston um robô chamado Gita, que significa passeio em italiano. Esse robô terá capacidade de seguir seu "dono", e possui um compartimento capaz de levar compras ou qualquer outra carga pequena. Movido por duas rodas de bicicleta, esse robô é um pouco menor que um carrinho de sorvete. Por meio de seu sistema de visão, ele reconhece a pessoa e a mantém em vista, seguindo todos os passos. A aposta é que, mais livres, as pessoas terão maior mobilidade, poderão caminhar e se exercitar mais.

Assim, tarefas do dia a dia, que exigem carregar alguma carga como compras, ficam mais fáceis. Outra aposta é facilitar a mobilidade de crianças ou idosos, que ficariam despreocupados em carregar livros ou utilidades para todo canto. Essa tecnologia será aplicável principalmente em centros urbanos, onde é possível caminhar livremente.

Outro conceito de robô que tem tudo para ser querido é o drone de selfies, como o Skydio. Os smartphones com câmera frontal tornaram os selfies as fotos mais compartilhadas nas redes sociais. Essa nova versão bastante evoluída do "pau de selfie" é um drone que segue a pessoa como um helicóptero. O drone possui diversas câmeras e segue a pessoa com tomadas de vídeo em diversos ângulos para não perder um segundo da imagem em movimento. Pode ser usado por corredores, trilheiros de montanhas ou aventureiros de corredeiras. A aposta é uma extensão panorâmica dos selfies, e também pode registrar as atividades de turismo e passeios incríveis.

Ainda, muito além da resposta aos estímulos visuais, sistemas de percepção também conseguem reconhecer algumas expressões faciais. De um projeto do MIT, foi desenvolvido um sistema capaz de traduzir a imagem e expressão facial para um emoticon. Crianças autistas (em diferentes espectros) podem ter mais dificuldade de sintonizar com a emoção de outras pessoas, e esse tipo de ferramenta pode ajudar na aprendizagem social e também diminui o estresse da interação social. Reconhecer uma expressão feliz, triste ou de raiva ajuda, por exemplo, crianças autistas a treinarem a interpretar as emoções. Outro projeto bacana, baseado em emoções, é o ursinho robô do MIT Media Lab.

Eles servem de companhia para as crianças em recuperação no hospital. O ursinho, chamado de Huggable (para abraços), pode engajar em brincadeiras, e responde aos sinais de dor e emoção. Ele não é totalmente automatizado ainda, mas as respostas das crianças mostram como um objeto sem cara de hospital pode ajudar na recuperação. Veja mais nesse vídeo do projeto no Children's Hospital de Boston. De modo geral, essa sensibilidade treinada de sistemas de computação visual ainda está começando, e tem potencial de trazer essa característica humana de empatia e contextualização para as máquinas.

Os robôs pessoais capazes de ampliar a qualidade de vida estão em alta! A adoção dessas ideias vai depender do que as pessoas irão absorver no seu dia a dia. Uma vida mais ativa, mais selfies ou o complemento nas atividades socioemocionais são apenas alguns exemplos do que as máquinas poderão fazer por nós.

Sobre os autores

Daniel Schultz é cientista, professor de microbiologia e membro do núcleo de ciências computacionais em Dartmouth (EUA). Estuda a dinâmica dos processos celulares, com foco na evolução de bactérias resistentes a antibióticos. É formado em engenharia pelo ITA, doutor em química pela Universidade da Califórnia San Diego e pós-doutorado em biologia sistêmica em Harvard. Possui trabalhos de alto impacto publicados em várias áreas, da física teórica à biologia experimental, e busca integrar essas várias áreas do conhecimento para desvendar os detalhes de como funciona a vida ao nível microscópico.

Monica Matsumoto é cientista e professora de Engenharia Biomédica no ITA. Curiosa, ela tem interesse em áreas multidisciplinares e procura conectar pesquisadores em diferentes campos do conhecimento. Monica é formada em engenharia pelo ITA e doutora em ciências pela USP, e trabalhou em diferentes instituições como InCor/HCFMUSP, UPenn e EyeNetra.

Shridhar Jayanthi é Agente de Patentes com registro no escritório de patentes norte-americano (USPTO) e tem doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Michigan (EUA) e diploma de Engenheiro de Computação pelo ITA. Atualmente, ele trabalha com empresas de alta tecnologia para facilitar obtenção de patentes e, nas (poucas) horas vagas, é um estudante de problemas na intersecção entre direito, tecnologia e sociedade. Antes disso, Shridhar teve uma vida acadêmica com passagens pela Rice, MIT, Michigan, Pennsylvania e no InCor/USP, e trabalhou com pesquisa em áreas diversas da matemática, computação e biologia sintética.

Sobre o blog

Novidades da ciência e tecnologia, trazidas por brasileiros espalhados pelo mundo fazendo pesquisa de ponta. Um espaço para discussões sobre os rumos que as novas descobertas e inovações tecnológicas podem trazer para a sociedade.