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Para onde o mundo vai

Bem-vindos ao blog!

Daniel Schultz

05/04/2018 04h08

Nós somos cientistas brasileiros trabalhando com pesquisa de ponta mundo afora, e vamos trazer histórias e novidades contando o que se passa nas bancadas dos laboratórios e o que podemos esperar de diferente em nossas vidas.

Vivemos num mundo cada vez mais tecnológico, cheio de previsões mirabolantes para um futuro próximo. E apesar de todas as novidades tecnológicas, a maioria das pessoas teria dificuldades de se lembrar do nome de um único cientista vivo. Todo ano quando lemos sobre os ganhadores do Prêmio Nobel, temos a impressão de que a pesquisa deles é difícil de entender e meio desconectada da realidade. Todos nós sabemos que a ciência é a base de toda essa inovação, mas hoje em dia é difícil de acompanhar toda a longa trajetória ligando a pesquisa básica (que estuda as coisas mais fundamentais) às transformações que vemos na nossa vida diária. Aqui nesse blog vamos tentar desmistificar esse processo. Vamos trazer a visão de quem trabalha na linha de frente, publicando artigos científicos em institutos de pesquisa ou desenvolvendo novas tecnologias na indústria. Em tempos nos quais questões científicas geram tantas controvérsias, vamos jogar uma luz nesses assuntos e mostrar que a ciência está ao alcance de todos.

Um pouco sobre os autores:

Daniel Schultz – fui criado em Santa Bárbara d'Oeste (SP), numa família com uma certa tradição acadêmica, com avós matemáticos e tios pesquisadores. Já pequeno queria ser cientista (também me dedicava aos esportes, mas me faltava o talento).

Fiz engenharia no ITA e no final da graduação fiz iniciação científica no Instituto de Física da Unicamp. Gostei da experiência e me mandei pra os EUA para um doutorado no Centro de Física Biológica Teórica da Universidade da Califórnia em San Diego. No começo estudei modelos matemáticos que descrevem como as células regulam o funcionamento dos seus genes. Mais para frente resolvi aplicar meus modelos para entender como a interação entre alguns poucos genes permite às bactérias escolherem entre estratégias diferentes quando encontram alguma adversidade.

A complexidade presente na vida desses seres microscópicos, que não passam de um saquinho de moléculas orgânicas, me fez (depois de ler pilhas de artigos de biologia) decidir por uma incursão pela biologia experimental. Fiz um pós-doutorado na Escola de Medicina de Harvard, no departamento de Biologia Sistêmica, que acabou incluindo duas passagens por Israel. Estudei como as bactérias evoluem para conseguirem sobreviver na presença de antibióticos, um problema de saúde sério hoje em dia. Hoje sou professor de Microbiologia em Dartmouth e membro do Grupo de Ciências Computacionais, e procuro combinar métodos teóricos e experimentais no estudo da evolução das bactérias.

Além de minhas passagens pela Engenharia, Física, Química e Biologia, gosto de passear por outros departamentos, e gosto do caráter interdisciplinar e internacional da pesquisa científica. Vou tentar trazer um pouco dessa experiência aos leitores do blog.

Monica Matsumoto – curiosa desde pequena, ficava observando as formigas de casa, passarinhos e o mar. Encantei-me pela matemática e suas aplicações na natureza, virei engenheira e cientista. Além do amor pela ciência, adoro saber quais as perguntas que os cientistas estão tentando responder, e como as ideias se conectam, apesar de cada um investigar desafios muito diferentes.

Pesquiso as informações e dados contidos em sinais biológicos e imagens biomédicas. Comecei a trabalhar com desafios ligados à Cardiologia no Instituto do Coração. Primeiramente, com reconhecimento de padrões em eletrocardiografia e arritmia, e depois com a reconstrução temporal e espacial de coronárias baseada em imagens de ultrassonografia intravascular para estudar a aterosclerose. Depois, fiz pesquisas em modelos matemáticos que representassem a anatomia e também algoritmos que pudessem identificar diferentes patologias na Radiologia. Tenho grande interesse nesse tipo de pesquisa da matemática e engenharia aplicadas na biomedicina.

Estudei e trabalhei em diferentes instituições, ITA, USP e UPenn, além de ter trabalhado no mercado com equipamentos médicos no Brasil e Estados Unidos. Minha mais recente aventura foi trabalhar em uma startup em Boston (EUA), onde desenvolvemos equipamentos médicos para teste de visão, testes móveis e integrados que permitem fazer a refração em qualquer lugar. Até agora, essa tecnologia deu acesso a correção da visão (óculos) a mais de 200 mil pessoas no mundo todo.

O meu interesse em pesquisa, inovação e tecnologia também me levou a participar da construção de redes de cientistas aqui nos Estados Unidos. Organizamos encontros e eventos multidisciplinares com os brasileiros da região. É muito bacana conhecer e discutir o que outros brasileiros tem feito em pesquisa de ponta. Cada conexão traz novos conhecimentos e abre a cabeça para novas ideias. É um pouco disso que queremos trazer para o blog também.

Sobre os autores

Daniel Schultz é cientista, professor de microbiologia e membro do núcleo de ciências computacionais em Dartmouth (EUA). Estuda a dinâmica dos processos celulares, com foco na evolução de bactérias resistentes a antibióticos. É formado em engenharia pelo ITA, doutor em química pela Universidade da Califórnia San Diego e pós-doutorado em biologia sistêmica em Harvard. Possui trabalhos de alto impacto publicados em várias áreas, da física teórica à biologia experimental, e busca integrar essas várias áreas do conhecimento para desvendar os detalhes de como funciona a vida ao nível microscópico.

Monica Matsumoto é cientista e professora de Engenharia Biomédica no ITA. Curiosa, ela tem interesse em áreas multidisciplinares e procura conectar pesquisadores em diferentes campos do conhecimento. Monica é formada em engenharia pelo ITA e doutora em ciências pela USP, e trabalhou em diferentes instituições como InCor/HCFMUSP, UPenn e EyeNetra.

Shridhar Jayanthi é Agente de Patentes com registro no escritório de patentes norte-americano (USPTO) e tem doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Michigan (EUA) e diploma de Engenheiro de Computação pelo ITA. Atualmente, ele trabalha com empresas de alta tecnologia para facilitar obtenção de patentes e, nas (poucas) horas vagas, é um estudante de problemas na intersecção entre direito, tecnologia e sociedade. Antes disso, Shridhar teve uma vida acadêmica com passagens pela Rice, MIT, Michigan, Pennsylvania e no InCor/USP, e trabalhou com pesquisa em áreas diversas da matemática, computação e biologia sintética.

Sobre o blog

Novidades da ciência e tecnologia, trazidas por brasileiros espalhados pelo mundo fazendo pesquisa de ponta. Um espaço para discussões sobre os rumos que as novas descobertas e inovações tecnológicas podem trazer para a sociedade.